domingo, 25 de janeiro de 2009

Vicky Cristina Barcelona

Woody Allen continua a trabalhar no velho continente, depois de uma trilogia britânica, mudou-se de malas e bagagens para Espanha para filmar Vicky Cristina Barcelona. O filme conta-nos a história de duas jovens americanas, Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson), que decidem passar as suas férias de Verão em Barcelona. Elas são as melhores amigas e comungam dos mesmos gostos e opiniões, mas no que diz respeito ao amor estão em pólos opostos. Vicky é uma mulher realista, racional e que está prestes a casar com o seu bem sucedido namorado, por outro lado Cristina entrega-se ao momento de forma desinibida á procura de novas paixões e experiências. Durante um jantar elas conhecem um cativante artista de nome Juan Antonio Gonzalo (Javier Bardem), que sente uma atracão por ambas e as aborda de forma impulsiva, daqui irá nascer uma relação entre estas três personagens com uma enorme mescla de sentimentos contraditórios. Mais tarde irá juntar-se a este já complexo triângulo amoroso a ex-mulher de Juan Antonio, María Elena (Penélope Cruz) por quem ele ainda se sente apaixonado.

Os actores são competentes. Rebecca Hall segura todo o filme com o seu talento e mostra que tem futuro em Hollywood. Javier Bardem interpreta um pintor encantador excessivamente estereotipado, mas ainda assim consegue uma boa prestação. Mas para mim, quem se evidencia de forma peremptória é Penélope Cruz apesar de somente aparecer durante uns escassos trinta minutos. María Elena é louca, talentosa, excitante e tem uma sensualidade transbordante. Penélope é o sal e a pimenta deste filme, que sem ela seria bastante insosso.


Os diálogos são humorados, sarcásticos e cínicos mas por vezes perdem-se numa excessiva formalidade. As cenas mais memoráveis deste filme são aquelas em que Juan Antonio forçar constantemente María Elena a falar em inglês para que Cristina a entenda, uma ideia de mestre. Durante todo o filme temos direito a uma incomodativo e impessoal narração. O narrador, Christopher Evan Welch parece estar a ler um livro sobre os acontecimentos que estamos a presenciar, seria muito mais agradável se alguma das personagens ou o próprio Woody Allen tratassem desse aspecto.

Woody Allen filme uma Barcelona boémia, mas para ser observada do ponto de vista de um turista ao contrario do fez Almodóver que filmou uma Barcelona genuína. Podemos ver, sem dúvida, belos monumentos e paisagens da cidade de Barcelona, mas que acabam por ser lugares óbvios, o que constrange o filme a ser pouco mais do que um cartão postal de Barcelona. A música deste filme agradou-me bastante, com destaque para Giulia y Los Tellarini e ainda Paco de Lucia. Vicky Cristina Barcelona é um filme sobre relacionamentos, sobre o antagonismo entre a estabilidade e a excitação, mas sobretudo sobre a complexidade do amor. No computo geral e apesar de abordar temos como a bigamia ou paixão exacerbada, a história acaba por não ser das mais cativantes e perde-se em demasiados clichés. De qualquer modo, não podemos dizer que este seja um mau filme, até porque como costuma dizer um amigo meu, Woody Allen não faz maus filmes, mas este não se irá destacar na sua filmografia como “Annie Hall”, “Manhattan”, “Hannah and her Sisters” e até o mais recente “Match Point”. Vicky Cristina Barcelona é como uma tórrida paixão de Verão, intenso enquanto dura, mas que fica no passado quando termina sem ensinamentos para a vida.


Classificação: Nem bom, nem mau, antes pelo contrário

Entretanto parece que Woody pôs fim a sua tour europeia e regressou a casa, a Nova Iorque onde está a filmar "Whatever Works" com Larry David, o que me parece uma junção divina.

3 comentários:

Unknown disse...

Nem bom, nem mau, antes pelo contrario? Bah, o filme é bem interessante! E a banda sonora é brilhantemente adequada!

Paulo Pereira disse...

Mas que raio? Nem bom nem mau antes pelo contrário?! LABREGO!

Anónimo disse...

Estes comentários mostram a união ideológica deste blogue, fantástico. Vocês leram o texto ou decidiram atirar ovos mal viram a classificação? As críticas que eu faço a este filme são óbvias e praticamente irrefutáveis. Mas podem sempre fazer uma nova crítica para explicar porque é que este filme merece uma classificação maior. Realmente, olhando para a classificação do Tropic Thunder todos os filmes merecem a classificação máxima. Vocês são os maiores, mas façam-me um favor padrõezinhos cá para cima. Abraço