terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Californication Finale

"She packed my bags last night pre-flight
Zero hour nine a.m.
And I'm gonna be high as a kite by then
I miss the earth so much I miss my wife
It's lonely out in space
On such a timeless flight

And I think it's gonna be a long long time
Till touch down brings me round again to find
I'm not the man they think I am at home
Oh no no no I'm a rocket man
Rocket man burning out his fuse up here alone

Mars ain't the kind of place to raise your kids
In fact it's cold as hell
And there's no one there to raise them if you did
And all this science I don't understand
It's just my job five days a week
A rocket man, a rocket man

And I think it's gonna be a long long time..."


Foi assim, ao som de Rocket Man, que no passado domingo terminou a terceira temporada de Californication, vício semanal para um número progressivamente crescente de seres-humanos. Como fã confesso da série digo-o já, sem rodeios: esta última temporada foi, de longe, a mais insípida das três com que Tom Kapinos nos presenteou. O humor característico continuou, embora desta vez mais infantilizado e óbvio, David Duchovny, talvez devido à cura de reabilitação ao vício sexual a que se submeteu antes do início da rodagem, parece algo prostrado e desmaiado como Hank Moody e, sobretudo, o drama que dava a esta série um curioso sabor agridoce encontra-se absolutamente ausente durante grande parte da mesma.

Com um largo sorriso no rosto, posso dizer-vos que o último episódio é uma resposta brutal (literal e figurativamente falando) a todas estas críticas que muitos fãs da série, alguns deles bem mais inteligentes que eu, lhe iam apontando. Este é um episódio de regressos. O primeiro é o de Stephen Hopkins, realizador do episódio piloto e consultor durante a primeira e parte da segunda temporadas da série, que aqui regressa às funções de realização. O segundo não convém revelar, visto influenciar directamente o rumo dramático da trama (embora baste uma olhadela rápida ao título do episódio para perceber de quem se trata). Mas o regresso mais saudado é o de Californication à boa forma da primeira e segunda temporadas, num episódio que destoa, claramente, do resto desta última série (e arrisco eu ainda bem!). Simplesmente porque, finalmente, os criadores decidiram dar-nos uma boa dose da fornication que o título promete. Não no sentido sexual, mas no sentido destrutivo do termo.

Tudo o que se possa dizer sobre este episódio é estragar a experiência de o ver pela primeira vez, tal é a utilização primorosa de todos os 30 minutos que o compõem. Nada é deixado ao acaso, e não existem tempos mortos. É uma montanha russa de perplexidades, que culmina nuns 10 minutos finais de deixar o coração na boca. Não tendo ainda visto o final de Dexter, outra excelente série da Showtime, arrisco aqui o meu pescoço afirmando que o de Californication é e será o melhor do ano.

Posto isto, neste momento a raiva que sinto por Californication e Tom Kapinos duplicou. Primeiro, por termos assistido a uma terceira temporada que trai o espírito das duas excelentes anteriores, e depois porque Tom Kapinos decidiu mostrar-nos a taça de bombons apenas no final, taça essa da qual só poderemos comer no Outono do ano que vem.

Até lá, let us drown ourselves in a sea of pointless pussy...


1 comentário:

Anónimo disse...

Pois é meu velho amigo, que final absolutamente colossal, assim vale a pena. E não deixa de ser curioso que esta temporada, que é muito provavelmente a pior até ao momento, é aquela que tem o final mais brilhante. Fiquei realmente estarrecido, mesmo depois já me teres falado deste possível final. É caso para dizer que o drama tem um prazo de vida muito mais longo que a comédia. Esta série tem de viver para além das piadolas e das curvas e contracurvas do corpo feminino. É preciso encontrar um balanço entre a poesia e a pornografia, como neste episódio. Bem, e a analogia da piscina é qualquer coisa…