quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A vagina da discórdia

Bem-vindos, caríssimos leitores. Gostaria de começar por deixar um olá muito especial a todos aqueles que lêem este blogue ao som do crepitar da lenha que arde na lareira, bebericando uma chaveninha de chá cidreira e com uma mantinha nos joelhos. Gostando de todos por igual, tenho um carinho especial por estes. E pela Joana Duarte, que sonho seja uma leitora assídua.

Pelo início do post já deu para perceber que pouca coisa se passa em Portugal. A 7 meses das eleições legislativas continuamos sem conhecer uma ideia política de Manuela Ferreira Leite, os portugueses ainda não perceberam que na época de Carnaval é Verão no Brasil, e o Sporting Clube de Portugal espetou 3 na colectividade desportiva que fica ali pós lados de Benfica. Tudo normal portanto. Eis senão quando entra em cena a PSP de Braga que, com grande sentido de dever cívico, decide apreender 5 exemplares de um livro absolutamente profano. Os objectos do pecado encontravam-se expostos numa feira, ao alcançe de crianças, traseuntes e maridos infiéis, vá-se lá imaginar! O alvoroço lançou-se, quando a populaça reparou que na capa dos livros figurava esta ilustração:

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Peço desculpa, esta é da minha colecção particular, não sei como raios apareceu aqui. A ilustração correcta era esta:

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Ora o que a príncipio pode parecer uma simples con* ( e sobre con** não estamos conversados, mais desenvolvimentos em posts subsequentes) é, na realidade, uma obra do pintor francês Gustave Courbet, datada do século XIX, exposta actualmente no museu D'Orsay em Paris e que retrata as coxas, o sexo e uma mama de uma mulher. Rapidamente os meios de comunicação social se desmultiplicaram em contactos, com o simples propósito de ouvir todos os especialistas possíveis sobre este incidente. Estranhamente, esqueceram-se de nos ouvir. Mas é para isso mesmo que servem os blogues.
Para começar, tudo isto me parece muito estranho. Primeiro, a demonstração do nosso estreitamento. Confronta-se as gentes de Braga com arte e eles decidem chamar a polícia. "Ai Meu Deus, tudo menos isso!", deve ter esclamado alguém. Mas se fosse o Bord'Água, iam logo todos a correr comprar.
Segundo, e a meu ver mais chocante. Dá-se a esta gente, ainda por cima em época de Carnaval, um sexo feminino (e não um sexo feminino qualquer, um sexo feminino artístico!) e eles ficam exaltados, quando o que eles deveriam ter ficado era, logicamente, excitados! Eu não, mas há por aí muito boa gente que não se importa nada, muitos ficam até extremamente agradados, com uma boa farfalheira de pêlos púbicos. Que raios, este incidente deveria até ter sido suficiente para despoletar uma bela orgia saloia! Isso sim, demonstraria uma saúde mental colectiva notável, e faria de Portugal um país no qual eu gostaria de viver! Agora chamar a polícia... Só se fosse para participar também, aí tudo correcto.

Posto isto, de notar que este Carnaval foi pródigo em situações de censura. Primeiro os Magalhães, depois os livros. Sinais dos tempos? 

1 comentário:

Unknown disse...

Fiquei com vomtade de ir comprar um livro destes só para me sentir "revolucionária". Acho uma pobreza de espírito este tipo de atitudes...enfim!

Ah! E desculpa Paulo mas estas fotos da Solange não são lá grande coisa...Pensei que tinhas um gosto mais refinado! :P