domingo, 5 de julho de 2009

The Hangover

Ora bem, por onde é que eu vou começar este desidrato? Pelo título talvez… The Hangover o novo filme do realizador norte-americano Todd Phillips chegou a Portugal com o título “A Ressaca”. Até aí tudo bem, uma tradução literal que faz todo o sentido e não compromete. Eis senão quando me apercebi do título brasileiro: “Se beber, não case”. PUM! (sou fã de onomatopeias especialmente quando se trata de explosões, não posso fazer nada). Os responsáveis por esta tradução mereciam um abraço bem forte, que arrojo. Ignoraram completamente a temática do filme, preferindo deixar uma mensagem filosófica, esplêndido… bem já agora também quero deixar um novo título para este filme, podia ser: “Não case em nenhuma circunstância, a menos que esteja embriagado e queira proporcionar aos seus amigos uma despedida de solteiro com rameiras e especiarias aromáticas”, parece-me bem e já agora fico aberto a mais sugestões.


Quanto ao filme propriamente dito é preciso ter em atenção que este não é mais uma comédia comercial americana como muitas outras, que parecem chegar em catadupa todas as semanas as salas portuguesas. Este é um filme de qualidade tanto do ponto de vista do argumento, como da realização, como da performance dos actores principais. É uma montanha-russa de situações tanto improváveis como fascinantes e que tenta a todo os custo evitar os clichés. A história é aparentemente simples, dois dias antes do seu casamento, Doug (Justin Bartha) decide despedir-se da vida de solteiro em Las Vegas e convida três amigos para uma noite de rambóia que se previa inesquecível. Depois dessa fatídica noite, á qual o espectador não tem acesso, os três amigos acordam na respectiva suite do Caesars Palace, num estado de destruição quase apocalíptica, com um tigre na casa de banho, com um bebé no armário, sem Doug, o noivo que vai casar dentro de 24 horas e sobretudo sem qualquer tipo de noção dos acontecimentos da véspera (tudo normal portanto). Apesar de por esta altura já nos doer a barriga de tanto rir, é a partir deste momento que o filme é inovador, estruturalmente diferente de outras comédias, quando embarcamos numa alucinante investigação sobre um evento que nunca é visto.


Muito do sucesso deste filme está intimamente ligado á química que existe entre os três actores principais, isso é indiscutível. São um verdadeiro bando de idiotas, adultos com uma mentalidade de criança que vão para Vegas para se poderem portar mal. Phil (Bradley Cooper) é uma espécie de cabecilha desta enlouquecida alcateia. Stu (Ed Helmes) é aquele a quem podemos chamar um verdadeiro “pussy”, mas é ainda assim o único que consegue manter prudência. Por fim, Alan (aka Fat Jesus – Zach Galifianakis) que é provavelmente a personagem mais hilariante do filme, ele não tem noção quão bizarras são as suas acções nem percebe a reacção das pessoas que o rodeiam, tem o comportamento de um verdadeiro atrasado mental. A este trio irá juntar-se esporadicamente Heather Graham (Jade) que no fundo faz dela própria: uma prostituta pouco requintada, o papel que a celebrizou. Em relação aos pontos menos positivos do casting, temos o cameo do Mike Tyson. Se por um lado foi delirante vê-lo a cantar Phill Collins no trailer, a verdade é que no filme as coisas não resultam tão bem, simplesmente porque ele não consegue representar, mesmo quando faz dele próprio (outra coisa não seria de esperar de uma pessoa que levou tantos murros na cabeça e achou sensato rabiscar a cara daquela maneira).

Uma palavra ainda para o trabalho habilidoso do realizador Todd Phillips, qualidade pouco habitual neste tipo de filmes, que teve ainda o desplante de referenciar em The Hangover dois clássicos do cinema: "Rain Man" de Barry Levinson com a cena da escada rolante e "Casino" de Martin Scorsese com os óculos espelhados no deserto. Em suma e apesar de um ligeiro abrandamento nas gargalhadas na terceira parte, este é um grande filme e é juntamente com “I Love You Man!” a melhor comédia do ano até ao momento... bem e as fotos nos créditos finais são uma espécie de ponto de exclamação.

Já que estamos com as mãos na massa fica aqui um exemplo da envergadura desta obra com este piqueno diálogo:

Doug: All good with Melissa?
Stu: Oh yeah. Told her we are two hours outside a wine country and she bought it.
Phil: Don´t you think that’s strange that you been in a relationship for three years and you still have to lie about going to Vegas?
Stu: Yeah I do, but trust me it’s not worth the fight.
Phil: Oh so you can't go to Vegas but she can fuck a bell hop on the car of a cruiseline.
Stu: Okay first of all, he was a bartender and she was wasted and if you must know, he didn't even come inside her.
Phil: And you believe that?
Stu: Uh, yeah I do believe that because she's grossed out by semen.

Classificação: Capaz de levantar a pila a mortos

0 - Pior que cuspir na sopa e bater na avó
1 - Devolvam-me o meu dinheiro...
2 - Piquinho a azedo
3 - Nem bom, nem mau, antes pelo contrário
4 - Capaz de levantar a pila a mortos
5 - Orgásmico

Alguma alma caridosa possui aquele Candy Shop acappella?

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